sexta-feira, 28 de maio de 2010

E é lágrima que corre em meu rosto sem direção, esse sofrimento que guardo no peito, esse amor reprimido que me faz gritar por dentro um "te amo" inaudível... Isso me faz sentir a humanidade que trago por herança dentro de mim!

(Carlos A. T. Rossignolo)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Novo Amor

“No romantismo a idealização, no simbolismo a melancolia do amor.
Há uma nova forma de amar, um amor moderado, lógico, controlável.”


Amor meu!
Te amo assim, desse jeito,
Que do calor dos peitos seus,
Já após o beijo, desfeito,
Olhando o azul dos céus.

Amo de vez em vez!
Não quero ser pressionado,
Viverei livre como beija-flor,
Não serei aprisionado,
Pelo seu ingrato amor.

Amo logicamente!
As horas que contigo passo,
São preciosas, ficam na memória,
Mas, logo após, me livro do seu laço,
Sozinho farei história.

Amo moderadamente!
Tenho uma vida para viver,
E você também a tem,
Por ti não hei de sofrer,
Distanciando-me, porém.

Amo disfarçadamente!
Do sorriso sincero,
Tens de mim a gratidão,
Por entender este esmero,
Do fundo de meu coração.


(Carlos A. T. Rossignolo)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Elétrons

Oh! Elétrons da física quântica,
Passe de mim, sua teoria e seus subníveis ,
Não quero cálculos, quero da poesia a semântica,
Renego seus números, suas regras infalíveis.

A luz pisca melancólica...

Caias sobre ti, oh elétrons, as cargas negativas,
Que impulsionam, em uma corrente, minha vida
Em um sentido contrário, ausente de sensações positivas,
Em sua órbita insensível, imóvel, polida.

Bate estridente o sinal...

(Carlos A. T. Rossignolo)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Reflexão

As vezes é necessário um pouco de lágrimas para irrigar a nossa flor interior, para que ela possa crescer e se desenvolver, na luz da sabedoria.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Túmulo Profundo



Em uma noite gélida, fria e morta em seu sentido
Quando das árvores caíam as últimas folhas sombrias
A névoa pairava sobre o campo alvo e abatido
Jazia um linda jovem, que distante sua face a fazia

Seu sangue estava escuro, sem aquele vermelho vivo
Seus olhos não mais transmutavam aquele azul profundo
Suas mãos gélidas não me faziam seu cativo
Sua imutabilidade e impotência pregavam-na ao fundo

Os corvos cantavam um som fúnebre e vazio
Os vermes estavam a esperar sua carne aveludada
O vento fazia reverência a face morta - sopro frio
E ao mais profundo sono de desespero estava destinada

Sua beleza já se desfazia, seu corpo em decomposição
O ruído da noite desviava do túmulo da senhora
E não mais ouvia, aquele forte e ritmado som do coração
Que não mais batia com a leveza de outrora

Sua tumba, com pesado mármore, foi lacrada
Não havia volta, sentia o peso da terra
E sua boca, formadora de belas palavra - fechada
O anjo da outra vida, tocar a trombeta, imóvel, espera.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Música Eterna



Ao som de teclas de piano
Sinto o som, sinto a música
Que é profunda como oceano
E se tinge de rubrica

Sinto o cheiro das flores
Vejo o dançar de pássaros
Que no ar dançam em cores
E sentem a ópera como Zéfiros

As claras nuvens ao amanhecer
Distorcem a paisagem fina
E cobrem o raios que vem aquecer
As pastagens sobre a campina

Notas, notas! Belas e límpidas
Mudam a realidade eterna
Torna-a mais amena e cristalina
Clareiam o fundo da caverna

O tempo vem passando vago
Vem refletindo sua imagem no lago
Seu brilho, seu envelhecer
Não há outra forma de viver.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Athena




Tu, oh poderosa protetora
Protegeste a polis grega não por amor
Foste minha musa inspiradora
E em sua face não encontrei temor

Não eras pura, dos cabelos alvejados
Não tinhas olhos azuis, nem vestiste manto branco
Eras calma, singela em seu legado
Reluzia sim, não luz, mas seu encanto

Não foste sonho a mim, e sim alegria
Em visão tangível aparecia, me mostrando o mundo real
E em gestos brandos, calmos, uma epifania

Somente a ti, meu coração é leal
Somente a seus cabelos negros, harmonia
Somente em tua companhia, quero a vida eternal.

(Carlos A. T. Rossignolo)

domingo, 23 de maio de 2010

Máscaras



Em altos castelos se faziam
Os bailes, as festas, bacanais
E a nobreza de taças se esvaiam
Em vinhos, dos campos fraternais

Nas noites de tom alaranjado
Banhadas pelas vermelhas velas
Os vestidos das damas alvejados
Conjuntavam com máscaras amarelas

Máscaras! Mascaras para disfarçar
A pobreza de uma nobreza
Que não cessa de matar
A esperança da plebe com destreza

Em taças de ouro bebiam
O vinho que ao sangue era comparado
E ao som da música se esqueciam
Do Amor que era subjugado.

(Carlos A. T. Rossignolo)


Nova Ismália

Ismália logo percebeu,
Que não havia paz em seu cantar...
Viu em sua cabeça um véu,
Viu em seu semblante o chorar.

Seu mundo se escureceu,
As máquinas queria quebrar...
Queria a igualdade para os seus,
Queria seu pranto enxugar...

Na loucura em que se deu,
Em seu íntimo pôs-se a gritar...
Estava longe do céu,
Estava decidida a morte se entregar.

E com heroína se deu,
O seu triste pesar...
Enlouqueceu, emudeceu,
Já não podia mais cantar...

Seu corpo entregue aos seus,
Sua alma a vagar...
Não havia mais véu,
Não havia mais cantar.

(Carlos A. T. Rossignolo)

sábado, 22 de maio de 2010

Anjo

Sua face translúcida e bela
Vem em sonhos me tanger
Da névoa envolta faz-se cela
E impõe à realidade a se esconder

Seus vestidos reluziam como prata
Seus olhos azuis ondulavam como oceano
Em sua imensidão me traga e mata
As minhas esperanças, amor tirano!

Em um instante triste e frio
Sua luz abandona meu vago ser
Tornando-me um completo vazio

Não há existência, não há viver
Sem você sou como um rio
Passando as águas sem perceber.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dia ácido

Foi neste ácido dia,
Em que minhas bases neutralizaram-se,
Meu corpo perdeu a alegria,
Minhas memórias, gritantes, calaram-se.

Nesse produto de sais,
Cristalizou-se minha fé,
Confiança despencou como cristais,
E no chão despedaçou em pé.

Acusa-me de algo que não fiz,
Em sua miséria, em sua loucura,
Isto sempre foi algo que não quis,
Mas recaiu sobre mim como uma noite escura.

Tudo era sol, tudo era luz,
E assim tornou-se noite sem luar,
Sem as estrelas que me conduz,
Sem voz, para cantar!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Miséria do ser humano

Somos fracos, pequenos, errantes seres
Da terra fomos feitos
Que ao pó, dos vermes seremos lazeres
E o que se eterniza é o que se tem ao peito.

Na tumba gélida, pálidos estaremos
Do sol não pegaremos a cor
Nas águas não mais remaremos
Das doces frutas não sentiremos o sabor.

Somos a miséria do mundo
Os que exercem domínio irracional
Da vida a morte em um segundo
Nenhum corpo, jamais, eternal.

Tantos sonhos, tantos desejos vis
Planos e metas categoricamente traçados
A morte entregar-me nunca quis
Mas a esse fim fomos destinados.

Idealização fútil, definição errante
Das águas evoluíram
Os céus conquistaram, secantes
E voltaram ao pó que surgiram.

(Carlos A. T. Rossignolo)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Poesias, sonhos e palavras... Tudo se confunde no meu [in]consciente. Talvez mais consciente do que as loucuras que nossas mentes fúteis e limitadas sonham... Não há caminho, não há verdade universal... Somos alunos da vida, somos [a]lumini do mundo. As vezes despreparados para sairmos da caverna!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Mente Turva

"Encontrar equilíbrio entre a Terra e o Céu, está realmente além do que sonha nossa vã filosofia"

Não necessito de mostrar meu valor,
A não ser a mim.
Não suporto mais essa dor,
Que exala jasmim.

Esses medos, esses anseios: disfarçados.
Não posso amar,
Por seguir regras amedrontado,
Por translúcido véu renegar.

As mãos aveludadas que percorriam meu Não,
Você, minha Maçã, meu pecado vão.
Por decisão, amar-te-ei jamais,
E sozinho, nessa névoa cristalina de sais.

Que seja assim!
Sem amores, sem dores, sem cálido véu.
Que em nuvens venham os Serafins
Com trombetas a me conduzir ao céu.

(Carlos A. T. Rossignolo)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ínfimo

"No outro encontra seu próprio ser, seu modelo, sua fixação. Assim é o amor, nos torna tolos, privados de qualquer reação!"

Você!
Que ao céu me conduz
Com seus lindos olhos azuis.

Você!
Que dos pensamentos meus
Fez cumprir aquilo que prometeu.

Você!
Que das asas ainda não provei
Voar na liberdade da qual me privei.

Você!
Qual espero ansioso encontrar
No céu, na terra, no mar.

Você!
Meu sonho pálido
Que do coração se fez cálido.

Você?
Existe apenas em minhas memórias
Que de ilusória chama, fez real parecer a história.

(Carlos A. T. Rossignolo)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Estrela na Janela

Olhava, sozinho e amargo,
Para o vazio obscuro do céu,
Não havia estrelas, não havia luz,
Não havia paz, nem nada.
Estava pedindo aos carrascos a palidez,
Queria fechar os olhos, descansar.
Jazido no meu pranto, no meu manto,
Não havia sentido algum,
Queria desistir, queria parar!
Mas você estava lá, estava a contemplar-me.
Estava a amar-me, sendo como sou.
Tu, oh estrela!
Tu, brilhavas pra mim quando o mundo me abandonou.
Tu, sozinha e alegre, resplandecias o céu,
A mim foste fiel, foate amiga, sincera.
Na minha janela, estrela foste.
Foste estrela, na minha janela.
Estrela companheira, não dos sábios,
Nem dos astrônomos, mas de mim.
Deste pobre, fraco, errante ser.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Conserva a paz, ó minha alma

"Quando tudo parece perder o sentido, quando nos encontramos no fundo do poço, somente algo supraumano para nos refazer as forças."


1- Conserva a paz, tem, ó minha alma
Suporta a cruz que o salvador te deu;
Deus te provê de confiança e calma
E te dará o que te prometeu;
Oh! Fica em paz, pois Ele é fiel;
Contigo está o Santo de Israel.

2- Conserva a paz, feliz é o teu futuro,
Junto a Jesus, amado Salvador;
Teu galardão no céu está seguro,
Breve o terás das mãos do Redentor;
Oh! Fica em paz, pois tens a salvação,
Ao teu redor está o Guardião.

3- Conserva a paz, descansa bem tranqüila,
O teu Senhor por ti velando está;
Amparo tens se o teu pé vacila,
Das mãos de Deus ninguém te tirará;
Oh! Fica em paz e os receios teus
Dissipará O que formou os céus.

(Hino CCB)

Poesia Pura

Para que decorar poesia? Para que temê-la?
Para que estimá-la? Ou distorcê-la?

Podemos senti-la, apreciá-la, amá-la.
Podemos tecê-la. Não! Isso é coisa de parnasiano aguado.
Apenas podemos deixá-la se cosntruir.

(Carlos A. T. Rossignolo)

sábado, 1 de maio de 2010

Comparo os “Shopping Center” de hoje à Bastilha francesa, a grande diferença está na evolução do sistema. Se antigamente, o absolutismo era combatido e mal visto pela população, levando a total destruição da prisão; o grande símbolo do capitalismo é amado por nós, seres humanos alienados e consumistas. Pelo visto, não iremos nos libertar dessa “prisão sem grades” tão cedo!

(Carlos A. T. Rossignolo)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cálice

Não consigo pensar em algo para escrever
Não possuo ideias mirabolantes em minha cabeça
Se as tivesse, um dia talvez esqueça
Mas preciso sentir essa emoção, para poeta, viver.

Sinto o perfume das rosas que são brancas
Vejo a luz do luar penetrar pela janela
Tenho sonhos, lindos, por ela
Dela, lindos sonhos, ancas.

Não! Não posso me entregar a esse desejo vil
Não deixarei ao mundo um verme, desista!
Um parasita destruidor capitalista
Que do céu, com cinzas, retira o anil.

Serei eu, o mais puro ser
Que por não ser puro, morrerei
Morrerei sim, mas me eternizarei
Eternizarei nas obras, feitos, assim viverei.

Não tenho Sangue Real,
O Sangue Real não transmitirei, leal
O Santo Graal tenho por herança,
Do Santo Graal a esperança.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Alice no País das Loucuras Maravilhosas

Alice! Por que conversas com animais?
Por que dá atenção a uma lagarta?
Por que recusas aos permanentes sinais
De que sua personalidade está cortada?

Olhe! Se olhe em um espelho qualquer
Conheças quem tu és
Uma menina, uma moça, uma mulher.
Não cresças a ponto de não ver seus pés.

Do narguilè sai a charada: quem é você?
Da mente confusa e alucinada sai um “não sei”
E assim o Oráculo prevê
Que da Rainha de Copas acabará a lei.

Viva, viva nesse País, viva esse País
Veja as flores coloridas, que pintam de aquarela o céu
Que fazem seus moradores pseudo-felizes
E que as cabeças cortadas saltam dos réus.

Mas da terra nasce a rosa.
A rosa da esperança, não rosa nem vermelha
Que desabrocha, branca, entre a corte e goza
Da verdadeira Rainha em que se espelha.

(Carlos A. T. Rossignolo)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Velocidade

Não tenh temp p/ escrev
Tenh muit cois p/faze
Comprar! Comprar! Comprar!
Progresso! Progresso! Progresso!

Q arvor q nad
O bom e progredi
Velocidade!
Velocidade!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Utopia do século XXI

Quero uma sociedade justa
Limpa de aristocratas safados
Quero o Socialismo que me custa
Noites de pensamentos exagerados

Vamos! Vamos! Abaixo aos capitalistas
Não quero mais essa sociedade exaurida
Não quero mais um pais de turistas
Que a cara ao mundo mostra retida

Chega! Chega dessa miséria inumana
Somos todos iguais, mesmos direitos
Chega das ideias da minoria, mundana

Chega! Chega dessa classe de industriais
Que nega a natureza e bate no peito
Que pelo capital, tornam-se canibais.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Indescritível

Amor, Amor, Amor!
Quem és tu? O que fez com minha alma?
Amor, Amor, Amor!
Como os sábios o definem?

Os apaixonados O sentem
Os loucos O desprezam
Os poetas tentam entendê-Lo
As crianças O desenham

Sentimento puro, alvo e verdadeiro?
Ou apenas uma desculpa para ter o outro?
Um pretexto para se entregar e viajar?

Eu, poeta, toco em Teu nome
Sem nunca ter Te entendido
A Ti assim me refiro, por ter Te vivido.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Conflitos

Corpo, mente, alma, todo meu ser
Tudo se conflita, tudo esvai em meu viver
Penso, penso, penso. Vegeto!
Não consigo conter meu sentimento discreto
Não o posso compartilhar com outros.
Que outros?
Uma sociedade preconceituosa e hipócrita
Não, não podemos ser quem somos em órbita
Temos que ser artistas. Fingir!
Não são fingidores apenas os poetas, mentir
Mas as pessoas sábias fingem. Encenam!
Nesse teatro da existência, condenam.
Tudo se resume ao padrão
E as pessoas acabam esquecendo o coração!


(Carlos A. T. Rossignolo)

Imaturidade Destilada

Oh espírito de justiça!
Que tu venhas cair em mim
Me ajudes contra meus inimigos
A provar minha pura inocência

Não tive culpa nem intenção
Mas querem ver meu fim
Querem me ver sofrer
Em quem devo confiar?

Por ingenuidade eu fiz
Por imaturidade confessei
Por dor eu tentei

Que argumentos devo usar?
Em quem deposito minhas esperanças?
O que irá ser de mim?

(Carlos A. T. Rossignolo)

Soneto aos Desgraçados

"Quando voz jazeis em seu túmulo, inclinar-me-ei para poder olhar sua miséria."

Oh! Deus dos desgraçados
Pessoas que não merecem viver
Dizem, mentem, afirmam aos bocados
Que outros fazem aquilo que querem fazer

Querem sim, mas por serem covardes
Não o fazem, e culpam os que são o que são
Vocês, tolos malditos mates
A si mesmos com seu ferrão

Na terra, purgatório ou inferno
Irão todos em demasia sofrer
E arder no lago de fogo eterno

Dos homens, demônios ou Deus
Jamais receberão o Perdão
E por terra cairão os falsos dizeres teus.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Soneto a Vinicius de Moraes

Vinícius, caro amigo que nunca conheci
Tu me entendes, tu se assemelhas a mim
Ou será que sou eu que me assemelho a ti?
Essa história, essa indecisão sem fim.

O homem em sua complexidade austera
Passa por fases indefiníveis para seu ser
Não tenho Mário e nem outros a espera
Para essa mudança em minha psique fazer.

Oh Vinícius, como posso conter
Essa indecisão que não me deixa viver?
Não quero as poesias pobres, mas as modernas.

Chega das inúteis poesias dos altares!
Chega de com letras tentar formar pilares!
Quero mudança, quero poesias eternas!


(Carlos A. T. Rossignolo)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Devaneios ao por do sol

Sentado na poltrona, via passando o tempo
Na janela, barulhos ecoavam com o vento
O nuvens formavam-se alegres e densas
A emoção e estranheza eram imensas

Luz, sombra, cansaço, esperança
O cinza colorido da noite dança
Desbota, rola, destorce a realidade
Vejo o mundo pela janela, maldade

Carros vão e vem, tudo passa
O tempo passa, a sorte descalça
Tenta correr pelas ruas quentes
E as pessoas em ranger de dentes

Nada dura, o tempo cura
A dor se transforma em sabedoria pura
Ao olhar: nada. Apenas uma janela pequena
E por ela, vejo o mundo e penso: que pena!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Amor Arterial

Do corpo passa ao coração
Veia cava
Do átrio e ventrículo direito ao pulmão
Artéria pulmonar
Do pulmão ao átrio e ventrículo esquerdo
Veia pulmonar
Do ventrículo esquerdo, arterial, para o corpo
Artéria aorta

Esse é o caminho
Longo, rápido, pulsante
Meu sangue se transforma, hematose
Meu coração bate cada vez mais forte

Por ti, Fero Amor
Por ti, Coração
Por ti, Solidão
Por ti, Minha amada!

sábado, 3 de abril de 2010

Páscoa

É domingo, cantam os anjos
É páscoa, dizem as crianças
Ovos, pães, cordeiros, arranjos
Tudo para a data perfeita da esperança

Do Egito partem os judeus para a “Terra Prometida”
Na cruz, morre o Filho de Deus
Mas em um ato fantástico à partida
Ressuscita e sobe aos céus Jesus

Coelhinhos brancos, ovos de chocolate
Crianças felizes, adultos renovados
Olhos atentos, cor escarlate

Renovação da alma aflita
Transição de moral para imortal
E assim enrola-se ao ovo a fita.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Páscoalate

Transição do mortal para o imortal
Do humano para o divino
Do concreto e indiscutível real
Para o irreal, de onde ecoa o sino

Comemoração cristã apreciável
Junção de divino ao terreno
Demonstração de fé e amor inegável
Apelo aos nossos bolsos sereno

Seria assim: belo e indiscutível
Se não fosse apenas o sistema nos sugando
Lucros, vendas. Isso é inaceitável

Supermercados lotados, criancinhas alucinadas
Consumo! Toda essa comemoração a isso se pauta
Homenagem lindíssima sem as intenções descaradas.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Progressssso

Anda, corre, voa, teleporta-se

Consumir é a palavra chave

Dinheiro é o combustível

Tudo ocorre a velocidade da luz


Recursos ambientais exauridos

Cidades, metrópoles, megalópoles

Trânsito nublado, zumbis diurnos

Zuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum!


Vamos. Vamos. Não pare!

Progresso! Progresso! Progresso!

Gritam os economistas frenéticos

Escravos das máquinas, da tecnologia supermutável


“Viver não é preciso”, tampouco o ritmo moderno

Trens, metrôs, foguetes, computadores

Tecnologia criada pelo ser humano para escravizá-lo

Progresso! Progresso! Progresso! Grita a sociedade faminta.


(Carlos A. T. Rossignolo)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Flor-de-Lis

Pelos campos alvos e claros da França

Nasce, brota, cresce e morre a Flor

Os povos, sobre o poder do Sol têm esperança

Mas a Pátria lhes embute dor


Repressão, medo, angústia, miséria – absolutismo

Caráter de um sistema macrocefálico inútil

Onde o rei impõe seu egocentrismo

Braços, espadas, juntos em um golpe sutil


França! França! O que fez a ti Versailles?

Gastos, corte, nobreza. Seus filhos esperam

Terras, céu, ar e mares

Sejam firmes: exclamem! Conquistem o que nunca tiveram


Os amores, os perfumes, os sabores

Onde está tu, bela Europa?

Se esconde atrás das faces de um Império

Que encontrou seu fim em Waterloo.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Maçã

Meus braços prendem aos teus

Os teus prendem-se aos meus

Sintonia perfeita, pausas rítmicas

Pare! Não pense, deixe fluir a química


Teus olhos penetram os meus

Meus olhos penetram os teus

Da maçã mais vermelha o sabor

Se abre, se entregue, sê flor


Nas manhãs o orvalho toca a face

A face recebe alegre o orvalho e enlace

Em teus seios deleito, sinto o ar

Em tua boca serena é que consigo respirar


A lua chama, cristalina e serena

Sente a moça, sabe, vê minha pena

As estrelas cantam com eterno clamor

E os Zéfiros testemunham nosso amor.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Vaziu

Por sua causa, eu tenho medo

Por sua, causa eu tenho raiva

Por sua causa eu não tenho paz

Por sua causa que me vou


Tudo tem um preço

Tudo tem uma explicação

Tudo baseia-se na frase do Oráculo

Tudo perde a graça com o tempo


“Conhece te a ti mesmo”

Conhece teu caminho

Conhece tua mente

Conhece tua perspectiva


Lute para tê-los

Lute para ser reconhecido

Lute pela vida, e seus ideais

Lute por você e para você


(Carlos A. T. Rossignolo)

Poema Póstumo

Queria sentir essa emoção, sentir esse ar

Queria poder estar perto de ti, te tocar

Saber qual é o gosto do seu beijo

Saber como será realizar esse desejo


Não posso ao menos te amar

Não consigo parar de pensar

Porque da toca do coelho não saio?

Porque do topo dessa vida não caio?


Seria minha mão na sua

Essa mão gélida que flutua

Ter você em meus braços


Agora, porém, é tarde

Não há mais volta nos passos

E assim termino, sem amar-te.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Bandeira

Oh! Verde das reféns florestas

Que campos devastados cobres

Não muito nos resta

Sendo dinheiro o que nos move


Oh! Azul dos céus

Azul do mar

Pintamos de cinza teu véu

E tu não podes protestar


Oh! Amarelo de nosso ouro

Que migrou para distante país

Levastes riqueza e tesouro

Foi assim que estrangeiro quis


Oh! Branco de nossa paz

Alimentastes todos corações

E a desonra que a guerra trás

É o que nego em minhas orações.


(Carlos A. T. Rossignolo)

quinta-feira, 25 de março de 2010

O sistema escravista realmente acabou?

A lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, pôs fim a prática escravista no Brasil. Porém, a escravidão pode ser entendida de várias outras formas, sendo que na nossa sociedade, somos obrigados a trabalhar para sobreviver, e alguns, ganhando salários totalmente miseráveis, tornando-se “escravo” de um sistema que destrói a classe desfavorecida em prestígio da favorecida. “Você é o que você tem.” São essas frases que fazem o estereótipo do modo de vida contemporâneo nas grandes metrópoles.
Na Primeira Revolução Industrial (Revolução subentende-se transformações na política, na sociedade, no estilo de vida, de produção, etc...), formou-se uma nova classe social: o Proletariado. Um pré-escravo; tendo em vista as condições desumanas as quais eram submetidos nas fábricas e, sem escolha, sendo forçado a trabalhar; pois o êxodo rural acontecia em larga escala, e as fábricas substituíam o campo, o qual não poderia mais ser a fonte de sustento das famílias.
As cidades modernas, formam um protótipo ilusório de prosperidade, formação intelectual e evolução humana, contrapondo esse ponto de vista; ela contrasta com as favelas, as periferias, a violência, marginalidade e outros problemas de infra-estrutura. Alguns recebem salários míseros, que mal suprem suas necessidades básicas, outros nem isso gozam. Todavia, o escravismo de hoje é mais sério; seria como “uma prisão sem grades” pois atua no nosso intelecto, é imposto de uma forma a qual aceitamos e queremos consumir. As pessoas cada vez mais querem um carro do ano, uma roupa de marca, um produto exclusivo – desta maneira, são forçadas por elas mesmas e pela sua vontade de consumir - a trabalharem cada vez mais para poderem satisfazer essa lacuna sentimental.
Esse tipo de escravismo mental que nós aceitamos sem questionar, é a fonte de renda e a base do capitalismo, onde o capital impera sobre raça humana, e só o ser individual pode combatê-lo, sabendo-se de que está se auto-destruindo e sua vida não orbita em torno de suas necessidades, mas para atender as necessidades do sistema, uma matix.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Manifesto Social

Se parar não pense, se pensar não pare!

Viva o hoje sem esquecer do amanhã

Digas tu, a todos aqueles que esperam sua queda

Digas por meio de ações, eu sou superior!


Raiva, medo, ódio, receio

Sentimentos típicos de seres humanos

Os transforme em força para lutar

Para olhar seus adversários por cima


Abaixar a cabeça e desistir impute fraqueza

Nada é em vão, “viver não é preciso”

Se preciso for, abdique hoje para ganhar amanhã

Divida, para poder governar, argumente


A vida é complexa, quem a torna fácil a entende

Esse é o segredo, decodificá-la e superá-la

Sê forte, sinta com a razão, sem utopias

O mundo é assim: se tropeçar, ele te engole.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Besteirinhas

[Com a professora aveludada
Surge a rítmica inesperada
De compasso gingado,
Explicitamente censurado] (Ernani Marques)


Estava com os olhos fixos, meus pensamentos flutuavam

Meu corpo estremecia, a adrenalina descarregava

Olho por olho, mente em mente; desejos voltavam

Meu sangue fervia, minha mãe acariciava


Mão de veludo, em um fluxo constante

Trocávamos saliva, beijos e mordidas

Não pensava, sentia apenas, curtindo o instante

Juras de amor eram feitas, que após o estase seriam esquecidas


Mais uma boca, outras mãos, outros olhares

Estávamos os três em um quarto escuro

Nada além do momento, com aversão a altares

Sem roupas, sem medo, sem preconceitos, sem muro


Movimentos lentos, sensuais, carícias, abraços

Barulhos, gestos, carinhos, passos

Não queria parar, hesitava, queria seguir o compasso

Mas em um parar repentino, tudo foi ao espaço!


(Carlos A. T. Rossignolo)

sábado, 20 de março de 2010

Existência

Vivo em um sono profundo, tentando acordar

Minha mente grita por socorro, injeta ar

Quero me virar, sair do cômodo, dessa caverna

Porque não é bom, não é real


Queria sentir a brisa fresca, ver o que não vi

Queria enxergar além das projeções, dos espelhos

Sentir as dores reais, os sabores reais

Queria o apocalipse para um novo começo


Peço a Morfeu que me acorde, que me revele o mundo

Essa simulação me esvai, tira minhas forças

Não tenho o controle, há um bloqueio mental

Preciso sair, preciso respirar o ar


Se existir é pensar, existo e subsisto

Se persistir é conseguir, eu desisto

Não tenho forças, não posso caminhar

Levanto a bandeira branca e volto a “cavernar”!


(Carlos A. T. Rossignolo)

CULPADO

Por sua culpa, eu não quero mais tentar,

Não vejo saída, nem luz no final

Penso em sumir, em me refugiar

Me escondo em meu cárcere mental


Por sua culpa, torturo minha mente

Escondo meus sentimentos, meu ser

Não aceito a germinação da semente

Colocaria um fim no viver


Por sua culpa, não ouso em novas propostas

Não almejo algo além de felicidade

Não me sinto em direito de respostas

Começo a pensar que não há fidelidade


Por sua culpa, engavetei meus amores

Fechei as janelas dos sonhos

Abri o coração para as dores

Deixei aflorar sentimentos errôneos


Por sua culpa, sou um poço vazio

Um mar sem sal, sol sem calor

Tenho medo, tenho frio

Não sei mais descrever o amor.


(Carlos A. T. Rossignolo)

sexta-feira, 12 de março de 2010

...

Com a professora aveludada
Surge a rítmica inesperada
De compasso gingado,
Explicitamente censurado.

De lua à marte
Minhas idéias se esvaem
E os pensamentos ecoados pelo sotaque
Retraem, contraem.

E subitamente, de um solavanco retumbante,

Ofuscado pelos diamantes,

Volto à realidade.

Mas as palavras ondulantes

Me enlaçam e volto ao paraíso errante.

(Ernani Marques)

Ode ao "Capetalismo"

Abaixo as grandes empresas!

Multinacionais devoradoras de membros

Aos empresários de sucesso

A escória social incrustada


Abaixo ao sistema de desigualdades!

Ao capital seletor de classes

A necessidade ideológica de consumo

E aqueles que se prendem à essa teia de aracnídeos


Fujam! Fujam! Fugir para onde?

Para o Olimpo, topo do mundo e morada de potências

Não! Não! É lá que ele nasceu e governa


Esse governo exclusivo, numérico

Que aos seus filhos explora até o pó

Quem faria algo assim? O capitalismo!


(Carlos A. T. Rossignolo)

EXPRESSIONISMO




O sol a pino, seus raios tangentes

As árvores brilhavam, reluzentes

Os lagos, corriam por convecção

Os pássaros com seu canto, alegravam meu coração


A moça de vestidos ao vento

Balançava os negros cabelos me deixando atento

A brisa suave tocava meu rosto

E o banco de madeira me servia de encosto


Tudo mudou, os raios sumiram

As árvores balançavam e caiam

Os lagos negros, sem luz gritavam às margens

Os pássaros desordenados deformavam a paisagem


A moça segurando o vestido tanto

Prendeu os cabelos e fez perder seu encanto

A brisa gélida para mim soprava

O banco com o tempo já cambaleava


As nuvens desprendiam-se do céu

As pessoas não se assustaram

A distorção me deixava tenso como um réu

E assim, os anos passaram.


(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sem Você

O sol se pôs
A lua já não brilha mais
E tudo o que era cor se decompôs
Tornando-se preto e branco e sem paz
Como posso pisar senão no chão?

Quando tudo era perfeito eu não sabia
Damos valor apenas quando perdemos
Quando o mundo para e destrói a melodia
Se estamos vivos ou morremos
Como posso respirar sem ar?

Você por um tempo foi tudo o que tinha
Era meu ar, meu céu, meu chão
Jogou tudo pro espaço, não convinha
E eu fiquei em eterna solidão
Como posso ser sem existir?

Sabendo de tudo o que houve entre nós
Sentindo toda aquela química especial
Parecia que o mundo nos deixara a sós
E você foi embora, tornando-se banal
Como posso viver sem você?

(Carlos A. T. Rossignolo)

domingo, 7 de março de 2010

Idealização

Minha jornada cessa aqui, querida!
Em frias noites procurei seu calor
Tentei entender porque a vida
Me privou de seu amor

Embalsamado em meu pranto
Estendi a mão pro céu
Mas despedaçou meu recanto
Só a ti em pensamento fui fiel

Queria que os pássaros
Tivessem testemunhado nosso amor
Porém em meus braços
Abracei apenas dor

Por ti amei loucamente
Por ti risquei terra no quintal
Por ti sacrifiquei minha mente
Por ti, sendo algo irreal.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Quarto escuro

Porque ainda vivo?

Porque respiro este ar?

Sendo tudo o que queria

Era estar morto, livre da carne...

As árvores tornam-se cinzas

Os pássaros se escondem nos galhos

Pessoas ignoram seu ser, para fingir

Fingem e acreditam em algo que não são

O que fazer quando se perde o controle?

Quando sabe o que tem a fazer

Mas não acha forças em si?

É errado querer desistir sem tentar?

Não há mais paisagens belas

Nem coisas atraentes, nem brisa calma

Tudo é monótono, tudo funde-se

Tornando-se o mesmo cinza sem graça

Desistir de tudo traria a paz?

Mas o desconhecido traz medo,

Insegurança, anula a coragem,

Nos deixa incapaz de agir

Será que perder tudo nos ensina?

Ou traz tanta decepção que esvai todas as forças?

Porque ainda vivo?

Porque ainda respiro este ar?


(Carlos A. T. Rossignolo)

Ploc Ploc

Corria um ar fresco em meu rosto
Os galhos na janela batiam
As águas sob mim se mexiam
Depois da força, o doce gosto

Ploc, Ploc...

Suor escorria pela face
As mãos frias tocando a barriga
Um gemido estranho esvaia
Nesse louco enlace

Ploc, Ploc...

Um frio incomodo sentia
Das gotas d’água que subiam
Do lago marrom desbotado saiam
E uma jovem que olhava ria

Ploc, Ploc...

Ao término dessa necessidade fisiológica
Sentia um incalculável alívio
Tudo o que importava no mundo
Tornou-se apenas um som: Ploc, Ploc!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Mulher

Os bosques, as árvores, os lagos

Todo um conjunto natural e perfeito

Vendo suas mãos em meu peito

Registraram o balsamo em retrato

Por mistérios você se foi

Sem cheiro, sem rastro

Tão perto e tão longe de mim

Deixou apenas uma dor irreparável

O tempo passa, lembranças desbotam

Novas emoções não apagam de mim o que foi

Mas ajudam a recomeçar, sentir novamente

Uma vida que tem sentido com ou sem amor

Se distante está melhor, viva essa constante

Aquela louca dependência não mais me consome

O título tem seu nome, mas não minha vontade

Tendo e vista que desapareceu a saudade

Palavras nunca representam sentimentos

São os atos, sim! Eles transmitem

O que em meu coração guardo

E de sincera alma te digo: seja feliz.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Curiosidades

“Deus é o mais célebre artista, e nós, suas mais preciosas obras primas.”

“Viva intensamente; não como se hoje fosse o último dia, mas como se houvessem milhões de dias maravilhosos para se viver.”

“O amor é o mais antitético dos sentimentos

ele faz amar e odiar

faz sofrer e faz sorrir

faz chorar e se alegrar

ele te enaltece e te humilha.

Pois ele é o mais puro e intenso sentimento humano

Sem amor seríamos apenas um grupo de células

Que apenas existe, mas não vive.”

“O mais belo sentido não pode ser proibido

Não seria eloquente barrar algo tão alvo

Tudo vale a pena, se o Amar existe

Ame sem medo, diga: te amo!

Sacrifique a si mesmo

Algo que se sente, apenas sente

Não se traduz com meras palavras

Apenas se decodifica no olhar e

Se ouve nas batidas do coração.”


(Carlos A. T. Rossignolo)