segunda-feira, 29 de março de 2010

Progressssso

Anda, corre, voa, teleporta-se

Consumir é a palavra chave

Dinheiro é o combustível

Tudo ocorre a velocidade da luz


Recursos ambientais exauridos

Cidades, metrópoles, megalópoles

Trânsito nublado, zumbis diurnos

Zuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum!


Vamos. Vamos. Não pare!

Progresso! Progresso! Progresso!

Gritam os economistas frenéticos

Escravos das máquinas, da tecnologia supermutável


“Viver não é preciso”, tampouco o ritmo moderno

Trens, metrôs, foguetes, computadores

Tecnologia criada pelo ser humano para escravizá-lo

Progresso! Progresso! Progresso! Grita a sociedade faminta.


(Carlos A. T. Rossignolo)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Flor-de-Lis

Pelos campos alvos e claros da França

Nasce, brota, cresce e morre a Flor

Os povos, sobre o poder do Sol têm esperança

Mas a Pátria lhes embute dor


Repressão, medo, angústia, miséria – absolutismo

Caráter de um sistema macrocefálico inútil

Onde o rei impõe seu egocentrismo

Braços, espadas, juntos em um golpe sutil


França! França! O que fez a ti Versailles?

Gastos, corte, nobreza. Seus filhos esperam

Terras, céu, ar e mares

Sejam firmes: exclamem! Conquistem o que nunca tiveram


Os amores, os perfumes, os sabores

Onde está tu, bela Europa?

Se esconde atrás das faces de um Império

Que encontrou seu fim em Waterloo.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Maçã

Meus braços prendem aos teus

Os teus prendem-se aos meus

Sintonia perfeita, pausas rítmicas

Pare! Não pense, deixe fluir a química


Teus olhos penetram os meus

Meus olhos penetram os teus

Da maçã mais vermelha o sabor

Se abre, se entregue, sê flor


Nas manhãs o orvalho toca a face

A face recebe alegre o orvalho e enlace

Em teus seios deleito, sinto o ar

Em tua boca serena é que consigo respirar


A lua chama, cristalina e serena

Sente a moça, sabe, vê minha pena

As estrelas cantam com eterno clamor

E os Zéfiros testemunham nosso amor.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Vaziu

Por sua causa, eu tenho medo

Por sua, causa eu tenho raiva

Por sua causa eu não tenho paz

Por sua causa que me vou


Tudo tem um preço

Tudo tem uma explicação

Tudo baseia-se na frase do Oráculo

Tudo perde a graça com o tempo


“Conhece te a ti mesmo”

Conhece teu caminho

Conhece tua mente

Conhece tua perspectiva


Lute para tê-los

Lute para ser reconhecido

Lute pela vida, e seus ideais

Lute por você e para você


(Carlos A. T. Rossignolo)

Poema Póstumo

Queria sentir essa emoção, sentir esse ar

Queria poder estar perto de ti, te tocar

Saber qual é o gosto do seu beijo

Saber como será realizar esse desejo


Não posso ao menos te amar

Não consigo parar de pensar

Porque da toca do coelho não saio?

Porque do topo dessa vida não caio?


Seria minha mão na sua

Essa mão gélida que flutua

Ter você em meus braços


Agora, porém, é tarde

Não há mais volta nos passos

E assim termino, sem amar-te.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Bandeira

Oh! Verde das reféns florestas

Que campos devastados cobres

Não muito nos resta

Sendo dinheiro o que nos move


Oh! Azul dos céus

Azul do mar

Pintamos de cinza teu véu

E tu não podes protestar


Oh! Amarelo de nosso ouro

Que migrou para distante país

Levastes riqueza e tesouro

Foi assim que estrangeiro quis


Oh! Branco de nossa paz

Alimentastes todos corações

E a desonra que a guerra trás

É o que nego em minhas orações.


(Carlos A. T. Rossignolo)

quinta-feira, 25 de março de 2010

O sistema escravista realmente acabou?

A lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, pôs fim a prática escravista no Brasil. Porém, a escravidão pode ser entendida de várias outras formas, sendo que na nossa sociedade, somos obrigados a trabalhar para sobreviver, e alguns, ganhando salários totalmente miseráveis, tornando-se “escravo” de um sistema que destrói a classe desfavorecida em prestígio da favorecida. “Você é o que você tem.” São essas frases que fazem o estereótipo do modo de vida contemporâneo nas grandes metrópoles.
Na Primeira Revolução Industrial (Revolução subentende-se transformações na política, na sociedade, no estilo de vida, de produção, etc...), formou-se uma nova classe social: o Proletariado. Um pré-escravo; tendo em vista as condições desumanas as quais eram submetidos nas fábricas e, sem escolha, sendo forçado a trabalhar; pois o êxodo rural acontecia em larga escala, e as fábricas substituíam o campo, o qual não poderia mais ser a fonte de sustento das famílias.
As cidades modernas, formam um protótipo ilusório de prosperidade, formação intelectual e evolução humana, contrapondo esse ponto de vista; ela contrasta com as favelas, as periferias, a violência, marginalidade e outros problemas de infra-estrutura. Alguns recebem salários míseros, que mal suprem suas necessidades básicas, outros nem isso gozam. Todavia, o escravismo de hoje é mais sério; seria como “uma prisão sem grades” pois atua no nosso intelecto, é imposto de uma forma a qual aceitamos e queremos consumir. As pessoas cada vez mais querem um carro do ano, uma roupa de marca, um produto exclusivo – desta maneira, são forçadas por elas mesmas e pela sua vontade de consumir - a trabalharem cada vez mais para poderem satisfazer essa lacuna sentimental.
Esse tipo de escravismo mental que nós aceitamos sem questionar, é a fonte de renda e a base do capitalismo, onde o capital impera sobre raça humana, e só o ser individual pode combatê-lo, sabendo-se de que está se auto-destruindo e sua vida não orbita em torno de suas necessidades, mas para atender as necessidades do sistema, uma matix.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Manifesto Social

Se parar não pense, se pensar não pare!

Viva o hoje sem esquecer do amanhã

Digas tu, a todos aqueles que esperam sua queda

Digas por meio de ações, eu sou superior!


Raiva, medo, ódio, receio

Sentimentos típicos de seres humanos

Os transforme em força para lutar

Para olhar seus adversários por cima


Abaixar a cabeça e desistir impute fraqueza

Nada é em vão, “viver não é preciso”

Se preciso for, abdique hoje para ganhar amanhã

Divida, para poder governar, argumente


A vida é complexa, quem a torna fácil a entende

Esse é o segredo, decodificá-la e superá-la

Sê forte, sinta com a razão, sem utopias

O mundo é assim: se tropeçar, ele te engole.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Besteirinhas

[Com a professora aveludada
Surge a rítmica inesperada
De compasso gingado,
Explicitamente censurado] (Ernani Marques)


Estava com os olhos fixos, meus pensamentos flutuavam

Meu corpo estremecia, a adrenalina descarregava

Olho por olho, mente em mente; desejos voltavam

Meu sangue fervia, minha mãe acariciava


Mão de veludo, em um fluxo constante

Trocávamos saliva, beijos e mordidas

Não pensava, sentia apenas, curtindo o instante

Juras de amor eram feitas, que após o estase seriam esquecidas


Mais uma boca, outras mãos, outros olhares

Estávamos os três em um quarto escuro

Nada além do momento, com aversão a altares

Sem roupas, sem medo, sem preconceitos, sem muro


Movimentos lentos, sensuais, carícias, abraços

Barulhos, gestos, carinhos, passos

Não queria parar, hesitava, queria seguir o compasso

Mas em um parar repentino, tudo foi ao espaço!


(Carlos A. T. Rossignolo)

sábado, 20 de março de 2010

Existência

Vivo em um sono profundo, tentando acordar

Minha mente grita por socorro, injeta ar

Quero me virar, sair do cômodo, dessa caverna

Porque não é bom, não é real


Queria sentir a brisa fresca, ver o que não vi

Queria enxergar além das projeções, dos espelhos

Sentir as dores reais, os sabores reais

Queria o apocalipse para um novo começo


Peço a Morfeu que me acorde, que me revele o mundo

Essa simulação me esvai, tira minhas forças

Não tenho o controle, há um bloqueio mental

Preciso sair, preciso respirar o ar


Se existir é pensar, existo e subsisto

Se persistir é conseguir, eu desisto

Não tenho forças, não posso caminhar

Levanto a bandeira branca e volto a “cavernar”!


(Carlos A. T. Rossignolo)

CULPADO

Por sua culpa, eu não quero mais tentar,

Não vejo saída, nem luz no final

Penso em sumir, em me refugiar

Me escondo em meu cárcere mental


Por sua culpa, torturo minha mente

Escondo meus sentimentos, meu ser

Não aceito a germinação da semente

Colocaria um fim no viver


Por sua culpa, não ouso em novas propostas

Não almejo algo além de felicidade

Não me sinto em direito de respostas

Começo a pensar que não há fidelidade


Por sua culpa, engavetei meus amores

Fechei as janelas dos sonhos

Abri o coração para as dores

Deixei aflorar sentimentos errôneos


Por sua culpa, sou um poço vazio

Um mar sem sal, sol sem calor

Tenho medo, tenho frio

Não sei mais descrever o amor.


(Carlos A. T. Rossignolo)

sexta-feira, 12 de março de 2010

...

Com a professora aveludada
Surge a rítmica inesperada
De compasso gingado,
Explicitamente censurado.

De lua à marte
Minhas idéias se esvaem
E os pensamentos ecoados pelo sotaque
Retraem, contraem.

E subitamente, de um solavanco retumbante,

Ofuscado pelos diamantes,

Volto à realidade.

Mas as palavras ondulantes

Me enlaçam e volto ao paraíso errante.

(Ernani Marques)

Ode ao "Capetalismo"

Abaixo as grandes empresas!

Multinacionais devoradoras de membros

Aos empresários de sucesso

A escória social incrustada


Abaixo ao sistema de desigualdades!

Ao capital seletor de classes

A necessidade ideológica de consumo

E aqueles que se prendem à essa teia de aracnídeos


Fujam! Fujam! Fugir para onde?

Para o Olimpo, topo do mundo e morada de potências

Não! Não! É lá que ele nasceu e governa


Esse governo exclusivo, numérico

Que aos seus filhos explora até o pó

Quem faria algo assim? O capitalismo!


(Carlos A. T. Rossignolo)

EXPRESSIONISMO




O sol a pino, seus raios tangentes

As árvores brilhavam, reluzentes

Os lagos, corriam por convecção

Os pássaros com seu canto, alegravam meu coração


A moça de vestidos ao vento

Balançava os negros cabelos me deixando atento

A brisa suave tocava meu rosto

E o banco de madeira me servia de encosto


Tudo mudou, os raios sumiram

As árvores balançavam e caiam

Os lagos negros, sem luz gritavam às margens

Os pássaros desordenados deformavam a paisagem


A moça segurando o vestido tanto

Prendeu os cabelos e fez perder seu encanto

A brisa gélida para mim soprava

O banco com o tempo já cambaleava


As nuvens desprendiam-se do céu

As pessoas não se assustaram

A distorção me deixava tenso como um réu

E assim, os anos passaram.


(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sem Você

O sol se pôs
A lua já não brilha mais
E tudo o que era cor se decompôs
Tornando-se preto e branco e sem paz
Como posso pisar senão no chão?

Quando tudo era perfeito eu não sabia
Damos valor apenas quando perdemos
Quando o mundo para e destrói a melodia
Se estamos vivos ou morremos
Como posso respirar sem ar?

Você por um tempo foi tudo o que tinha
Era meu ar, meu céu, meu chão
Jogou tudo pro espaço, não convinha
E eu fiquei em eterna solidão
Como posso ser sem existir?

Sabendo de tudo o que houve entre nós
Sentindo toda aquela química especial
Parecia que o mundo nos deixara a sós
E você foi embora, tornando-se banal
Como posso viver sem você?

(Carlos A. T. Rossignolo)

domingo, 7 de março de 2010

Idealização

Minha jornada cessa aqui, querida!
Em frias noites procurei seu calor
Tentei entender porque a vida
Me privou de seu amor

Embalsamado em meu pranto
Estendi a mão pro céu
Mas despedaçou meu recanto
Só a ti em pensamento fui fiel

Queria que os pássaros
Tivessem testemunhado nosso amor
Porém em meus braços
Abracei apenas dor

Por ti amei loucamente
Por ti risquei terra no quintal
Por ti sacrifiquei minha mente
Por ti, sendo algo irreal.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Quarto escuro

Porque ainda vivo?

Porque respiro este ar?

Sendo tudo o que queria

Era estar morto, livre da carne...

As árvores tornam-se cinzas

Os pássaros se escondem nos galhos

Pessoas ignoram seu ser, para fingir

Fingem e acreditam em algo que não são

O que fazer quando se perde o controle?

Quando sabe o que tem a fazer

Mas não acha forças em si?

É errado querer desistir sem tentar?

Não há mais paisagens belas

Nem coisas atraentes, nem brisa calma

Tudo é monótono, tudo funde-se

Tornando-se o mesmo cinza sem graça

Desistir de tudo traria a paz?

Mas o desconhecido traz medo,

Insegurança, anula a coragem,

Nos deixa incapaz de agir

Será que perder tudo nos ensina?

Ou traz tanta decepção que esvai todas as forças?

Porque ainda vivo?

Porque ainda respiro este ar?


(Carlos A. T. Rossignolo)

Ploc Ploc

Corria um ar fresco em meu rosto
Os galhos na janela batiam
As águas sob mim se mexiam
Depois da força, o doce gosto

Ploc, Ploc...

Suor escorria pela face
As mãos frias tocando a barriga
Um gemido estranho esvaia
Nesse louco enlace

Ploc, Ploc...

Um frio incomodo sentia
Das gotas d’água que subiam
Do lago marrom desbotado saiam
E uma jovem que olhava ria

Ploc, Ploc...

Ao término dessa necessidade fisiológica
Sentia um incalculável alívio
Tudo o que importava no mundo
Tornou-se apenas um som: Ploc, Ploc!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Mulher

Os bosques, as árvores, os lagos

Todo um conjunto natural e perfeito

Vendo suas mãos em meu peito

Registraram o balsamo em retrato

Por mistérios você se foi

Sem cheiro, sem rastro

Tão perto e tão longe de mim

Deixou apenas uma dor irreparável

O tempo passa, lembranças desbotam

Novas emoções não apagam de mim o que foi

Mas ajudam a recomeçar, sentir novamente

Uma vida que tem sentido com ou sem amor

Se distante está melhor, viva essa constante

Aquela louca dependência não mais me consome

O título tem seu nome, mas não minha vontade

Tendo e vista que desapareceu a saudade

Palavras nunca representam sentimentos

São os atos, sim! Eles transmitem

O que em meu coração guardo

E de sincera alma te digo: seja feliz.


(Carlos A. T. Rossignolo)

Curiosidades

“Deus é o mais célebre artista, e nós, suas mais preciosas obras primas.”

“Viva intensamente; não como se hoje fosse o último dia, mas como se houvessem milhões de dias maravilhosos para se viver.”

“O amor é o mais antitético dos sentimentos

ele faz amar e odiar

faz sofrer e faz sorrir

faz chorar e se alegrar

ele te enaltece e te humilha.

Pois ele é o mais puro e intenso sentimento humano

Sem amor seríamos apenas um grupo de células

Que apenas existe, mas não vive.”

“O mais belo sentido não pode ser proibido

Não seria eloquente barrar algo tão alvo

Tudo vale a pena, se o Amar existe

Ame sem medo, diga: te amo!

Sacrifique a si mesmo

Algo que se sente, apenas sente

Não se traduz com meras palavras

Apenas se decodifica no olhar e

Se ouve nas batidas do coração.”


(Carlos A. T. Rossignolo)