quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cálice

Não consigo pensar em algo para escrever
Não possuo ideias mirabolantes em minha cabeça
Se as tivesse, um dia talvez esqueça
Mas preciso sentir essa emoção, para poeta, viver.

Sinto o perfume das rosas que são brancas
Vejo a luz do luar penetrar pela janela
Tenho sonhos, lindos, por ela
Dela, lindos sonhos, ancas.

Não! Não posso me entregar a esse desejo vil
Não deixarei ao mundo um verme, desista!
Um parasita destruidor capitalista
Que do céu, com cinzas, retira o anil.

Serei eu, o mais puro ser
Que por não ser puro, morrerei
Morrerei sim, mas me eternizarei
Eternizarei nas obras, feitos, assim viverei.

Não tenho Sangue Real,
O Sangue Real não transmitirei, leal
O Santo Graal tenho por herança,
Do Santo Graal a esperança.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Alice no País das Loucuras Maravilhosas

Alice! Por que conversas com animais?
Por que dá atenção a uma lagarta?
Por que recusas aos permanentes sinais
De que sua personalidade está cortada?

Olhe! Se olhe em um espelho qualquer
Conheças quem tu és
Uma menina, uma moça, uma mulher.
Não cresças a ponto de não ver seus pés.

Do narguilè sai a charada: quem é você?
Da mente confusa e alucinada sai um “não sei”
E assim o Oráculo prevê
Que da Rainha de Copas acabará a lei.

Viva, viva nesse País, viva esse País
Veja as flores coloridas, que pintam de aquarela o céu
Que fazem seus moradores pseudo-felizes
E que as cabeças cortadas saltam dos réus.

Mas da terra nasce a rosa.
A rosa da esperança, não rosa nem vermelha
Que desabrocha, branca, entre a corte e goza
Da verdadeira Rainha em que se espelha.

(Carlos A. T. Rossignolo)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Velocidade

Não tenh temp p/ escrev
Tenh muit cois p/faze
Comprar! Comprar! Comprar!
Progresso! Progresso! Progresso!

Q arvor q nad
O bom e progredi
Velocidade!
Velocidade!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Utopia do século XXI

Quero uma sociedade justa
Limpa de aristocratas safados
Quero o Socialismo que me custa
Noites de pensamentos exagerados

Vamos! Vamos! Abaixo aos capitalistas
Não quero mais essa sociedade exaurida
Não quero mais um pais de turistas
Que a cara ao mundo mostra retida

Chega! Chega dessa miséria inumana
Somos todos iguais, mesmos direitos
Chega das ideias da minoria, mundana

Chega! Chega dessa classe de industriais
Que nega a natureza e bate no peito
Que pelo capital, tornam-se canibais.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Indescritível

Amor, Amor, Amor!
Quem és tu? O que fez com minha alma?
Amor, Amor, Amor!
Como os sábios o definem?

Os apaixonados O sentem
Os loucos O desprezam
Os poetas tentam entendê-Lo
As crianças O desenham

Sentimento puro, alvo e verdadeiro?
Ou apenas uma desculpa para ter o outro?
Um pretexto para se entregar e viajar?

Eu, poeta, toco em Teu nome
Sem nunca ter Te entendido
A Ti assim me refiro, por ter Te vivido.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Conflitos

Corpo, mente, alma, todo meu ser
Tudo se conflita, tudo esvai em meu viver
Penso, penso, penso. Vegeto!
Não consigo conter meu sentimento discreto
Não o posso compartilhar com outros.
Que outros?
Uma sociedade preconceituosa e hipócrita
Não, não podemos ser quem somos em órbita
Temos que ser artistas. Fingir!
Não são fingidores apenas os poetas, mentir
Mas as pessoas sábias fingem. Encenam!
Nesse teatro da existência, condenam.
Tudo se resume ao padrão
E as pessoas acabam esquecendo o coração!


(Carlos A. T. Rossignolo)

Imaturidade Destilada

Oh espírito de justiça!
Que tu venhas cair em mim
Me ajudes contra meus inimigos
A provar minha pura inocência

Não tive culpa nem intenção
Mas querem ver meu fim
Querem me ver sofrer
Em quem devo confiar?

Por ingenuidade eu fiz
Por imaturidade confessei
Por dor eu tentei

Que argumentos devo usar?
Em quem deposito minhas esperanças?
O que irá ser de mim?

(Carlos A. T. Rossignolo)

Soneto aos Desgraçados

"Quando voz jazeis em seu túmulo, inclinar-me-ei para poder olhar sua miséria."

Oh! Deus dos desgraçados
Pessoas que não merecem viver
Dizem, mentem, afirmam aos bocados
Que outros fazem aquilo que querem fazer

Querem sim, mas por serem covardes
Não o fazem, e culpam os que são o que são
Vocês, tolos malditos mates
A si mesmos com seu ferrão

Na terra, purgatório ou inferno
Irão todos em demasia sofrer
E arder no lago de fogo eterno

Dos homens, demônios ou Deus
Jamais receberão o Perdão
E por terra cairão os falsos dizeres teus.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Soneto a Vinicius de Moraes

Vinícius, caro amigo que nunca conheci
Tu me entendes, tu se assemelhas a mim
Ou será que sou eu que me assemelho a ti?
Essa história, essa indecisão sem fim.

O homem em sua complexidade austera
Passa por fases indefiníveis para seu ser
Não tenho Mário e nem outros a espera
Para essa mudança em minha psique fazer.

Oh Vinícius, como posso conter
Essa indecisão que não me deixa viver?
Não quero as poesias pobres, mas as modernas.

Chega das inúteis poesias dos altares!
Chega de com letras tentar formar pilares!
Quero mudança, quero poesias eternas!


(Carlos A. T. Rossignolo)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Devaneios ao por do sol

Sentado na poltrona, via passando o tempo
Na janela, barulhos ecoavam com o vento
O nuvens formavam-se alegres e densas
A emoção e estranheza eram imensas

Luz, sombra, cansaço, esperança
O cinza colorido da noite dança
Desbota, rola, destorce a realidade
Vejo o mundo pela janela, maldade

Carros vão e vem, tudo passa
O tempo passa, a sorte descalça
Tenta correr pelas ruas quentes
E as pessoas em ranger de dentes

Nada dura, o tempo cura
A dor se transforma em sabedoria pura
Ao olhar: nada. Apenas uma janela pequena
E por ela, vejo o mundo e penso: que pena!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Amor Arterial

Do corpo passa ao coração
Veia cava
Do átrio e ventrículo direito ao pulmão
Artéria pulmonar
Do pulmão ao átrio e ventrículo esquerdo
Veia pulmonar
Do ventrículo esquerdo, arterial, para o corpo
Artéria aorta

Esse é o caminho
Longo, rápido, pulsante
Meu sangue se transforma, hematose
Meu coração bate cada vez mais forte

Por ti, Fero Amor
Por ti, Coração
Por ti, Solidão
Por ti, Minha amada!

sábado, 3 de abril de 2010

Páscoa

É domingo, cantam os anjos
É páscoa, dizem as crianças
Ovos, pães, cordeiros, arranjos
Tudo para a data perfeita da esperança

Do Egito partem os judeus para a “Terra Prometida”
Na cruz, morre o Filho de Deus
Mas em um ato fantástico à partida
Ressuscita e sobe aos céus Jesus

Coelhinhos brancos, ovos de chocolate
Crianças felizes, adultos renovados
Olhos atentos, cor escarlate

Renovação da alma aflita
Transição de moral para imortal
E assim enrola-se ao ovo a fita.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Páscoalate

Transição do mortal para o imortal
Do humano para o divino
Do concreto e indiscutível real
Para o irreal, de onde ecoa o sino

Comemoração cristã apreciável
Junção de divino ao terreno
Demonstração de fé e amor inegável
Apelo aos nossos bolsos sereno

Seria assim: belo e indiscutível
Se não fosse apenas o sistema nos sugando
Lucros, vendas. Isso é inaceitável

Supermercados lotados, criancinhas alucinadas
Consumo! Toda essa comemoração a isso se pauta
Homenagem lindíssima sem as intenções descaradas.

(Carlos A. T. Rossignolo)